terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Pudim de Leite Condensado de soja

Pudim de leite condensado de soja 

Ingredientes:

2 lata de leite condensado de soja da Soymilke
2 xícaras (chá) de leite vegetal (usei de soja) 
3 colheres (sopa) de massa para tapioca
4 colheres (sopa) de farinha de trigo
3 colheres (sopa) de açúcar demerara

Modo de preparo:

Bater todos os ingredientes no liquidificador, em seguida coloque em uma forma caramelada (usei uma de tamanho médio) cubra a forma com papel alumínio formando uma tampa (eu tenho uma tampa de panela que cabe certinho na forma então a utilizo, tome cuidado se for usar uma tampa, pois ela esquenta muito, quando for retirar após 1 hora de forno utilize uma luva térmica ou um pano bem enrolado). Leve ao forno e asse em banho Maria por 1h e 45 minutos, na primeira hora asse coberta, depois os 45 minutos restante deixe dourar. Espere esfriar por completo e desenforme (costumo deixar de um dia para o outro, quando esfria levo a geladeira, para desenforna fácil coloco a forma diretamente na chama do fogão, quando o açúcar começa estralar desligo e desenforno).

Calda
½ xícara de açúcar
Costumo colocar o açúcar diretamente na forma e levo ao fogo baixo, conforme vai derretendo vou girando espalhando a calda (porém muito cuidado a forma fica extremamente quente só faça isso se tiver uma luva térmica).

HISTÓRIA DO DOCE BRASILEIRO

"Sem a escravidão não se explica o desenvolvimento no Brasil de uma arte de doce, de uma técnica de confeitaria, de uma estética de mesa, de sobremesa e de tabuleiro, tão cheias de complicações e até de sutilezas e exigindo tanto vagar, tanto lazer, tanta demora tanto trabalho no preparo e no enfeite de doces, dos bolos, dos pratos, das toalhas, das mesas. Só o grande lazer das sinhás ricas e o trabalho fácil das negras e das molecas explicam as exigências de certas receitas das antigas famílias das casas-grandes e dos sobrados". Gilberto Freyre

         
Os primeiros doces chegaram ao Brasil com a esquadra de Pedro Álvares Cabral, em Abril de 1500. Foram ofertados como presentes, aos índios de Porto Seguro que ate então desconheciam completamente a arte. Logo as senhoras portuguesas trariam suas receitas cheias de segredos que pouco a pouco foram ensinando as cunhãs.
Segundo o historiador Câmara Cascudo entre 1569 e 1587, Gabriel Soares de Sousa informava a Corte, em suas cartas: ``as cunhãs indígenas têm muita habilidade, para fazerem coisas doces, e fazem-se extremadas cozinheira ´´
Portugal vivia no século XVI, a opulência do OURO BRANCO desde o surgimento do "assucre" madeirense, As receitas das mesas senhoriais foram levadas pelas freiras nobres que confeccionava doces finos e sofisticados, para as embaixadas da Corte e do Papa. Esta doçaria conventual era marcada por uma personalidade muito própria diferenciando assim os inúmeros doces: bolo prior, barriga de freira, frades, beijos de frades, lágrimas, doce de esperança, fatias de bispo, pudim princesa, sopa da rainha, papos de anjo etc. Apesar dos ingredientes da doçaria conventual serem abundantes em frutas cristalizadas, especiarias, amêndoas, vinho, a enorme quantidade de ovos utilizado nas receitas foi a principal característica da época. Os confeiteiros ou mestres do açúcar criavam uma doçaria escultórica enquanto os pães de açúcar, as conservas de frutas: cidradas, aboboradas, nesperadas, pessegadas, uvadas, laranjadas, batatadas, marmeladas eram recomendados nas receitas, para chegar até o ponto de espadana porque se destinavam ao embarque. As geléias caseiras também já eram muito apreciadas.
Logo os produtos da nova terra foram adaptados as receitas portuguesas. A farinha de trigo, os ovos e o leite vinham de Portugal. Como quase todas as senhoras eram analfabetas, muitas das receitas originais se perderam no tempo. Vamos ilustrar este período com algumas receitas como são preparadas hoje.

"O açúcar refinou o paladar brasileiro, dando-lhe densidade histórica por intermédio dos doces e bolos"

            Gilberto Freyre
Com o cultivo da cana-de-açúcar, a mão de obra escrava abundante e a tradição doceira dos portugueses, nossas iguarias se enriqueciam ganhando sabores tropicais, reinventadas por mãos de habilidosas cozinheiras. O milho e a mandioca se transformaram em sobremesas e bolos obrigatórios nas cozinhas coloniais. As frutas da terra tornavam-se compotas e doces nobres, oferecidos com estilo, nas mesas senhoriais. Outros doces portugueses como a alféola, feito com melado, foram rebatizados - é o nosso puxa-puxa ou alfenim. Os quindins de Iaiá, os pés-de-moleque, os beijinhos de coco, os bons-bocados, os quero-mais (hoje conhecido como bolinho de chuva) e tantas outras inspirações se somavam aos suspiros, as ambrosias, aos olhos-de-sogra, aos sonhos, aos espera-maridos, aos toucinhos do céu, aos manjares, bolos e pudins, etc. que eram cuidadosamente confeccionados pelas donzelas e jovens senhoras com seus enxames de negras auxiliares, para exibirem seus dotes culinários. O pudim de leite exigia o domínio de muitos segredos, muita paciência e muita ansiedade ao desenformar!
Com a chegada do arroz, entre 1769 e 1779, surgiram o arroz-doce e as mães-bentas, tão populares na nossa doçaria. No Nordeste açucareiro, homenagens as famílias ou aos engenhos eram feitas através de receitas especiais de bolos como o Souza Leão, Luís Felipe, Guararapes, Dona Dondom, Fonseca Ramos, etc. que persistem até os nossos dias.
No início de 1890, chegava ao Brasil o Leite Condensado importado da Suíça que trazia na latinha a figura de uma moça. Logo o novo produto entrava na cozinha brasileira facilitando a confecção e a invenção de novos doces. Assim, a República foi homenageada com o Pudim Republicano que nada mais era que um Toucinho do Céu mais leve e suave que levava Leite Moça na receita. O Pudim Sete de Setembro, o Bolo Farroupilha, o Pudim Treze de Maio e tantas outras homenagens das nossas doceiras se perderam na história. Na década de quarenta, porém, foi à vez de homenagear um jovem solteiro, bonito e esbelto, o brigadeiro Eduardo Gomes com um docinho que juntava o Leite Moça ao chocolate e que se tornou o mais popular das festas brasileiras. Vieram o Pudim de Leite Moça, os pavês, os manjares, os sorvetes e tantas outras receitas que facilitavam a vida de nossas mulheres, à medida que chegavam as geladeiras e os fogões a gás.
Fonte: Açúcar: uma sociologia do doce, com receitas de bolos e dos doces do Nordeste do Brasil.
Gilberto Freyre, 1997, Companhia das Letras


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